Conhecida por diferentes nomes, como Prova de Função Pulmonar ou Exame do Sopro, a Espirometria é um exame utilizado para medir a quantidade e o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões. O resultado ajuda na análise das condições de ventilação do paciente e alguns casos não podem ser avaliados plenamente sem a realização deste exame complementar. Alterações podem indicar doenças respiratórias como asma ou DPOC.
Existem três situações principais em que o médico solicita o exame de espirometria:
- Para investigar ou monitorar doenças respiratórias;
- Para acompanhar o estado de saúde pulmonar de trabalhadores em ambientes que possam comprometê-la;
- Para avaliar a capacidade pulmonar de atletas.
Na pandemia de covid-19, este exame também passou a ser requisitado para investigar possíveis sequelas pulmonares em pacientes que foram acometidos pela doença.
Com tecnologia de ponta e de fácil manuseio, hoje este equipamento pode ser operado por técnicos de enfermagem ou enfermeiros especializados, mas a recomendação é que os laudos somente sejam emitidos por médicos pneumologistas.
A seguir confira todas as informações necessárias para aplicação deste exame, desde as modalidades de espirometria, tipos de aparelho, situações em que é recomendado pedir este exame, como preparar o paciente, parâmetros a serem analisados e como a telemedicina tem revolucionado este serviço ao tornar médicos referência neste mercado acessíveis a clínicas e hospitais com escassez destes especialistas.
Em que casos o exame de espirometria é indicado?
Existem duas modalidades de espirometria: a clínica e a ocupacional. A primeira é geralmente realizada ou solicitada pelo médico pneumologista para monitorar a evolução clínica de pacientes com doenças respiratórias mediante tratamento ou para diagnosticar o que pode estar por trás de sintomas como tosse, falta de ar, dor no peito ou respiração anormal.
A espirometria clínica também pode ser utilizada para o acompanhamento da evolução da capacidade respiratória de atletas e tem sido usada na medicina ligada a mergulhos ou altitudes. O exame de espirometria também pode ser requisitado para avaliar risco cirúrgico respiratório e a capacidade respiratória para fins periciais.
Já a espirometria ocupacional trata de monitorar a saúde respiratória de trabalhadores em atividades insalubres para o aparelho respiratório, como em ambientes onde são expostos a poeira ou produtos químicos, já que estão sujeitos a desenvolver doenças restritivas ou obstrutivas como a fibrose pulmonar.
Esta modalidade requer exames com gráficos mais simples e costuma ser realizada por médicos do trabalho, que devem fazer ou solicitar os exames periodicamente para avaliar a saúde do trabalhador e, caso seja detectado algum tipo de perda, tomar medidas com antecedência. Embora não há lei que proíba médicos do trabalho de emitir laudo para estes exames, a recomendação é que isto seja feito por pneumologistas.
Como preparar o paciente para o exame de espirometria
Um teste de espirometria bem feito depende de um bom equipamento e da colaboração do paciente, por isso é importante que o profissional da saúde lhe dê as devidas orientações. Use os primeiros cinco minutos do exame para pesar e medir o paciente e fazer perguntas sobre seus sintomas respiratórios e antecedentes médicos.
Além dessas informações serem importantes para a avaliação, isso pode ajudar o paciente a relaxar e manter a respiração tranquila, fundamental para um resultado eficaz.
Para realizar o exame de espirometria o paciente não precisa estar em jejum, mas é importante que evite a ingestão de café, chá e bebida alcoólica por no mínimo seis horas antes do teste e pare de fumar duas horas antes.
Em alguns casos o médico pneumologista também deve orientar o paciente a suspender medicamentos, principalmente os inalados, antes dos testes. Mas se a intenção com o exame é saber como está o pulmão do paciente durante o tratamento com estas medicações esta recomendação não é necessária.
Em que casos o exame de espirometria NÃO é recomendado
Embora o exame de espirometria clínico seja simples e indolor, existem casos em que há recomendação médica de fazer o exame de espirometria com bronquiodilatador e este tipo de medicamento pode causar taquicardia e ansiedade.
Por conta disso e do esforço necessário para as manobras de inspiração e expiração rápida, é contra-indicado realizar o exame em pacientes debilitados ou em situação que possa afetar a validade do teste.
Veja os casos em que é indicado adiar ou evitar o exame de espirometria:
- Pacientes com pneumonia ou gripe;
- Tosse com sangue;
- Dor no peito recente;
- Infarto do miocárdio recente;
- Deslocamento de retina ou cirurgia ocular recente;
- Crise hipertensiva;
- Aneurisma de aorta torácica;
- Edema pulmonar.
Como é feito o exame de espirometria
O exame de espirometria é indolor. O paciente pode fazê-lo sentado ou de pé e precisa aspirar o máximo de ar que conseguir e depois soprar com o máximo de força possível por seis segundos.
Antes de executar o exame é importante orientar o paciente a seguir soprando no bocal acoplado no espirômetro até você dar o sinal de que pode parar, pois se ele parar e aspirar novamente antes do tempo necessário irá alterar resultados do exame.
Para garantir que nenhum ar saia pelo nariz durante o processo, uma espécie de clipe é colocado para evitar a respiração nasal. O pneumologista ou técnico que aplicar o exame deve primeiro pesar e medir o paciente para que o sistema calcule os índices considerados adequados.
Depois da primeira etapa, que são três inspirações e aspirações fortes, o profissional da saúde irá aplicar um spray broncodilatador no paciente, nos casos em que houver este recomendação do pneumologista, e repetir o exame após cerca de 15 minutos
O que é o resultado de espirometria
Entre os dados sobre as condições ventilatórias do paciente fornecidos ao médico para a interpretação da espirometria estão:
Volume residual (VR) – volume de ar que permanece no pulmão após a expiração máxima
Capacidade pulmonar total (CPT) – volume de gás nos pulmões após a inspiração máxima
Capacidade residual funcional (CRF) – volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração usual
Capacidade vital (CV) – maior volume de ar mobilizado
Capacidade Vital Forçada (CVF) – volume máximo de ar exalado com esforço máximo, após uma inspiração máxima
Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) – volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra de capacidade vital forçada
Fluxo expiratório forçado máximo (FEFmáx) – fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF
Fluxo (FEFx ou FIFx) – fluxo expiratório ou inspiratório forçado instantâneo relacionado a um volume do registro da manobra de CVF
Ventilação voluntária máxima (VVM) – volume máximo de ar ventilado em um período de tempo por repetidas manobras respiratórias forçadas
Os índices considerados adequados para cada paciente variam de acordo com a idade, altura, peso e etnia, por isso antes do exame o profissional da saúde precisa obter estes dados do paciente e registrar no aparelho.